30 de set. de 2012

Quando nos apaixonamos, estamos nascendo de novo. Nos tornamos totalmente dependente de alguém.

Na mesma hora que penso que te mereço, acho também que você merece alguém melhor que eu. É como se eu te pedisse para ficar, mesmo sabendo que você deve ir embora.
Mas um dia me disseram que quando a gente ama, a gente não deixa partir, a gente não abre as portas, mas também não se vai. E eu tentei te manter preso em minhas mãos até eu não ter mais forças para segura-lo. Mas você escapava entre meus dedos toda vez que fugia.
Eu te sentia tão perto quando estava longe, e tão longe de mim quando estávamos juntos. Eu te olhava, e via seus olhos em outro mundo, em outra dimensão. Mas eu não me importava, porque se você estava ali, ao meu lado, o resto tornava-se inútil. Por tantas vezes te vi sair pela mesma porta em que voltava. Por tantas vezes me vi querer ir embora, mas percebia que não valia a pena caminhar sem te dar a mão. 
Eu era o egoísmo em pessoa. Eu precisava de você, eu te amava, eu te queria bem, eu ia atrás, eu, eu, eu… Mas e você? Nunca cheguei a me fazer essa pergunta. Talvez por medo da resposta, ou porque eu já sabia o que você iria responder. Em momentos assim, eu te via como uma presa e eu o caçador. Você podia fugir, correr, ir contra o tempo, mas eu sempre te encontraria e você voltaria para os meus braços. Mas se você era uma presa, isso quer dizer que não ficava porque queria, e sim porque o caçador te capturava. 
Pensando bem, eu acho que quem ama, vira possessivo. Totalmente dependente. Será que eu me tornei assim? Será que você quis a todo momento não estar perto de mim? Quando eu via seus olhos em outra dimensão, será que você estava pensando em como escapar? Será que você me via como uma ameaça da sua liberdade? Eu sou o egoísmo em pessoa. Eu, eu, eu… E você? Você também era dependente de mim? Será que você se sentia tão preso em minhas mãos, que já não queria mais ser solto? Porque eu me sentia assim. Era como se você fosse enjoativo, mas eu não me cansasse de provar o seu gosto. Era como se cada vez que nos beijássemos, você mudasse de temperamento. Já ouviu dizer que o pior veneno é aquele que te agrada? Era você o meu veneno. Era você o meu vício. A minha necessidade. Você era o chão em que eu andava, o céu que carregava minhas estrelas, a cidade que abrigava minha casa. Se você não existisse, era como se parte do meu mundo também desaparecesse. Onde iria parar as estrelas sem o céu? No chão? Mas não existiria chão. E se não existisse o chão, onde ficaria minha casa? Na cidade? Mas você era minha cidade, meu abrigo, meu mundo.
É estranho pensar dessa forma. Nós nascemos tão independentes, mas ao primeiro choro de vida, você já precisa de ajuda para continuar respirando. E na medida que você vai crescendo… você se torna independente de novo. Até conhecer alguém. Mas não um alguém qualquer. Um alguém como você, diferente. Não diferente igual aos outros diferentes. É mais que isso. Mais do que eu saberia explicar, se eu achasse as palavras certas. É quando você conhece esse alguém que te faz esquecer como aprendeu a andar sozinho, que você não consegue mais se levantar sem ele. Você fica lá no chão, como se cada minuto que passasse, fosse criando um buraco em volta de você e te afundasse cada vez mais. E adivinha quem poderá te tirar dali? 
Por isso que quando amamos, nós nascemos de novo. Nos tornamos dependentes de novo. Tudo de novo. Até esse alguém dizer: ”Estou indo embora, agora é sua hora de aprender a se virar sozinho.” E é por isso que quando você se vai, além de você, perco também o meu chão ,meu céu, minha cidade.
Eu nunca quis fazer de você uma presa. Nunca quis sufoca-lo ou te fazer querer ir embora. Eu só sou egoísta de mais para você tentar me dividir com você. 
Quando a gente ama, nós precisamos abrir mão. Precisamos quebrar promessas. Faz parte. Porque se você for o caçador, e ele a presa, quando você abrir as portas, ele continuará lá, tão dependente de você, tão egoísta quanto você. E mesmo sabendo que deve ir embora, vai querer ficar. 
Mas se por acaso a presa for embora, lembre-se: ”Estou indo embora, agora é sua hora de aprender a se virar sozinho.” Nasça de novo, mas dessa vez sem a ajuda de ninguém, ou sem esse alguém diferente.

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